As terças do Dr. Jazz no Hot Clube
Já aqui nos referimos a essa verdadeira instituição de ensino e partilha que são as terças-feiras de Jazz no Hot Clube de Portugal, onde António José de Barros Veloso (mais conhecido por TóZé Veloso e Dr. Jazz) vem desde há alguns anos liderando e animando jam-sessions com músicos e estudantes de Jazz.
Ontem à noite passámos por lá - e é sempre bom passar por lá para sentir o Jazz feito ao vivo, sem ensaios - e testemunhámos mais uma vez as já célebres e concorridas jam-sessions.
Entre os músicos em palco com o Dr. Jazz destaque para o guitarrista Afonso Pais, um dos mais talentosos de uma verdadeira geração de ouro de guitarristas portugueses de jazz, onde se incluem Bruno Santos, Nuno Ferreira ou André Fernandes (correndo o sério risco de deixar alguns de fora, o que fica somente a dever-se a momentâneo lapso de memória que o adiantado da hora explica).
E por falar em Bruno Santos, eis que também ele entra em cena, rendendo Afonso Pais. Ninguém quer monopolizar o estreito palco do Hot Clube e sem necessidade de palavras os músicos comunicam e vão passando testemunho. É caso para perguntar por que razão noutros meios que não o dos músicos as coisas no mundo do jazz não decorrem com tanta fluidez... Ainda e sempre as capelinhas, os egos, as quintas, rodeados de um alto e armadilhado arame farpado, onde até o Jazz tem por vezes dificuldade em entrar. Dificuldades de cobertura pelos media? Que tal desminar o terreno antes?
Mas aproveitemos esta oportunidade para ilustrar como funciona uma jam-session.
TóZé Veloso e o contrabaixista (cujo nome desconhecemos, facto pelo qual desde já pedimos desculpa ao próprio) já estavam em palco. Juntam-se-lhes agora Bruno Santos e Diogo Moreira, este na bateria.
O primeiro passo é decidir o que tocar e convém que seja um tema que todos saibam... Alguém sugere "Body and Soul", mas a canção em causa não reúne o consenso. Eis que o Dr. Jazz expõe no piano o "Beatrice", também ele rejeitado.
Bruno Santos dedilha uma melodia na guitarra e o Dr. Jazz, reconhecendo-a, pergunta: "Fazemos o «Tenderly»?
Mas nnguém se mostra interessado nessa balada imortalizada por Sarah Vaughan (que em tão más condições sonoras a interpretou no Cascais Jazz de 1973). O Dr. Jazz sugere então "Just squeeze me", mas eis surge um problema: o contrabaixista não sabe a harmonia de cor e o real book (o livro que contém as pautas de dezenas e dezenas de standards e que por isso é uma verdadeira bíblia de alguns músicos de jazz, sobretudo em jam-sessions) que possui ignora-a por completo. O Dr. Jazz, porém, não "acredita" que um tema destes não esteja contemplado e, dizendo em tom de brincadeira que o livro está "falsificado", vai procurando em vão a dita canção. Na verdade nem "Just squeeze me" nem sequer "Just friends". Com livros destes quem precisa de inimigos?
Finalmente gera-se o consenso e o quarteto arranca.
Eis, em suma, os bastidores de uma jam-session, que mais não é do que uma dupla oportunidade: músicos a conviverem com músicos, livres do stress do palco em concerto; músicos a aprenderem uns com os outros e a ganhar rodagem.
Já aqui nos referimos a essa verdadeira instituição de ensino e partilha que são as terças-feiras de Jazz no Hot Clube de Portugal, onde António José de Barros Veloso (mais conhecido por TóZé Veloso e Dr. Jazz) vem desde há alguns anos liderando e animando jam-sessions com músicos e estudantes de Jazz.
Ontem à noite passámos por lá - e é sempre bom passar por lá para sentir o Jazz feito ao vivo, sem ensaios - e testemunhámos mais uma vez as já célebres e concorridas jam-sessions.
Entre os músicos em palco com o Dr. Jazz destaque para o guitarrista Afonso Pais, um dos mais talentosos de uma verdadeira geração de ouro de guitarristas portugueses de jazz, onde se incluem Bruno Santos, Nuno Ferreira ou André Fernandes (correndo o sério risco de deixar alguns de fora, o que fica somente a dever-se a momentâneo lapso de memória que o adiantado da hora explica).
E por falar em Bruno Santos, eis que também ele entra em cena, rendendo Afonso Pais. Ninguém quer monopolizar o estreito palco do Hot Clube e sem necessidade de palavras os músicos comunicam e vão passando testemunho. É caso para perguntar por que razão noutros meios que não o dos músicos as coisas no mundo do jazz não decorrem com tanta fluidez... Ainda e sempre as capelinhas, os egos, as quintas, rodeados de um alto e armadilhado arame farpado, onde até o Jazz tem por vezes dificuldade em entrar. Dificuldades de cobertura pelos media? Que tal desminar o terreno antes?
Mas aproveitemos esta oportunidade para ilustrar como funciona uma jam-session.
TóZé Veloso e o contrabaixista (cujo nome desconhecemos, facto pelo qual desde já pedimos desculpa ao próprio) já estavam em palco. Juntam-se-lhes agora Bruno Santos e Diogo Moreira, este na bateria.
O primeiro passo é decidir o que tocar e convém que seja um tema que todos saibam... Alguém sugere "Body and Soul", mas a canção em causa não reúne o consenso. Eis que o Dr. Jazz expõe no piano o "Beatrice", também ele rejeitado.
Bruno Santos dedilha uma melodia na guitarra e o Dr. Jazz, reconhecendo-a, pergunta: "Fazemos o «Tenderly»?
Mas nnguém se mostra interessado nessa balada imortalizada por Sarah Vaughan (que em tão más condições sonoras a interpretou no Cascais Jazz de 1973). O Dr. Jazz sugere então "Just squeeze me", mas eis surge um problema: o contrabaixista não sabe a harmonia de cor e o real book (o livro que contém as pautas de dezenas e dezenas de standards e que por isso é uma verdadeira bíblia de alguns músicos de jazz, sobretudo em jam-sessions) que possui ignora-a por completo. O Dr. Jazz, porém, não "acredita" que um tema destes não esteja contemplado e, dizendo em tom de brincadeira que o livro está "falsificado", vai procurando em vão a dita canção. Na verdade nem "Just squeeze me" nem sequer "Just friends". Com livros destes quem precisa de inimigos?
Finalmente gera-se o consenso e o quarteto arranca.
Eis, em suma, os bastidores de uma jam-session, que mais não é do que uma dupla oportunidade: músicos a conviverem com músicos, livres do stress do palco em concerto; músicos a aprenderem uns com os outros e a ganhar rodagem.
9 Comments:
"É caso para perguntar por que razão noutros meios que não o dos músicos as coisas no mundo do jazz não decorrem com tanta fluidez... Ainda e sempre as capelinhas, os egos, as quintas, rodeados de um alto e armadilhado arame farpado, onde até o Jazz tem por vezes dificuldade em entrar. Dificuldades de cobertura pelos media? Que tal desminar o terreno antes?"
A melhor maneira é ignorar que essas situações existem estando você próprio caladinho.
Tem tanto para escrever sobre a música (que aliás quase nunca o faz, só fala do social ) que não deve perder tempo a defender a sua própria quinta (Quinta Mendonça) e a atirar achas para a fogueira.
Teresa Guilherme
obrigado!
Afirmação inacreditável para quem diz gostar de jazz... Como é possível dizer tamanha barbaridade?
Estou convencido de que se vivesse no tempo do Charlie Parker diria mal da sua música...
obrigado por este artigo!
tudo de bom para si!
"eu vou ser como a toupeira!!!...Fura ,Fura"
comments desnecessarios... nao ha qualquer maldade na afirmaçao
...
Viva PORTUGAL! viva o sol! DEUS está na musica!!!...
...fiquem em paz,que eu também! não vos chateio(nem em concertos nem em mais nada),façam o mesmo.Estou a mudar a minha vida.Nunca pararei de tocar.Quanto ao exagero...todos nós exagerámos!!!!é a ultima vez que por aqui passo.obrigado.
Enviar um comentário
<< Home