6 de maio de 2007

Martial Solal e Dave Douglas na Culturgest

Solal.MM.jpg

Na terça-feira, dia 8 de Maio, às 21h30, o Grande Auditório da Culturgest recebe o pianista Martial Solal e o trompetista Dave Douglas, para um espectáculo baseado no álbum Rue de Seine, resultante do primeiro encontro entre estes dois músicos.

Informação da produção:

Martial Solal

O seu dom para a improvisação foi-lhe revelado durante uma audição de alunos. Tinha dez anos e tocava uma rapsódia de Liszt. No meio da peça, começou a alterar a ordem das diferentes sequências sem a mínima hesitação e sem que ninguém se apercebesse... Só depois veio a descobrir que este género de exercício era autorizado numa outra disciplina musical: o jazz.

Fascinado pela liberdade que o jazz permitia, apaixona-se por essa música e decide, com catorze anos, consagrar-lhe a sua vida. Um outro acontecimento foi determinante: ouviu na rádio um duo de pianos e, julgando que se tratava de um só instrumento, declarou: "É assim que eu quero tocar". Desde então o seu destino ficou traçado: é preciso absolutamente igualar os melhores concertistas para poder atingir o seu objectivo.

Um pouco mais tarde, antes de entrar na Sacem (Sociedade de autores francesa), a partir dos dezoito anos, aprende a tocar vários instrumentos para ser capaz de escrever para uma grande orquestra.

Graças ao sucesso da sua primeira gravação em 1953, com Django Reinhardt, é rapidamente admitido no pequeno círculo dos profissionais de jazz e torna-se um dos pilares dos templos parisienses que eram o Club St. Germain-des-Prés e o Blue Note, onde tocará durante vários anos, aperfeiçoando-se no contacto com músicos vindo do mundo inteiro.

Em 1956 forma uma big band que grava apenas composições suas. Desde 1959 que compôs cerca de quatro dezenas de bandas sonoras para filmes como A bout de souffle (1959), Léon Morin Prêtre (1961), Echappement Libre (1964).

Georges Wein descobre-o em 1963 e convida-o a tocar em Nova Iorque, Montreal, São Francisco e nos Festivais de Newport e Monterey, início de uma carreira internacional que o levará do Carnegie Hall à Casa dos Compositores de Moscovo, do Teatro La Fenice, em Veneza, à Filarmonia de Berlim, da Sala Pleyel ao Théâtre des Champs Elysées, de Bombaim a Chicago, etc….

Em vários referendos é considerado o melhor pianista europeu de jazz.

Desde 1979 que compõe com abundância: vários concertos para piano e orquestra sinfónica, concertos para violino, para trombone, para clarinete, numerosas peças para formações de música contemporânea ou de jazz, bem como recolhas com funções pedagógicas.

Em 1981 forma um novo conjunto, o Dodécaband, com o qual se apresenta em todos os países da Europa.

No decurso de cerca de cinquenta anos de carreira gravou mais de uma centena de discos para editoras francesas, japonesas, italianas, alemãs, americanas, polacas, etc., em solo ou na companhia de alguns dos melhores músicos do mundo (Sidney Bechet, Django Reinhardt, Kenny Clarke, Lucky Thompson, Stan Getz, Don Byas, Jimmy Raney, Lee Konitz, Roy Haynes, Stephane Grappelli, Hampton Hawes, Toots Thielmans, Michel Portal…).

Obteve diversos prémios e distinções: Prémios dos Festivais de Montreux, Haia, Milão, Prémio Charles Cros (por três vezes), Victoire de la Musique, Prémio Stan Kenton, Prémio Django Reinhardt, Prémio Boris Vian, Prémio da SACEM, entre muitos outros. Em 1993 recebeu o Grand Prix National de la Musique. Em 1999 foi-lhe atribuído o prémio Jazzpar, atribuído pela primeira vez a um músico francês. Enfim, suprema consagração, a Cidade de Paris deu o seu nome a um concurso internacional de piano.

Entre 1994 e 1997 produziu uma emissão semanal na estação Radio France onde apresentava todos os grandes pianistas franceses ou estrangeiros de passagem por Paris. De 1994 a 1999 grava um grande número de discos, parte em digressão com Paul Motian e Gary Peacock ou Mark Jonson, reforma o seu trio com Daniel Humair e François Moutin, estreia um concerto com a Orquestra Nacional de França, apresenta-se nos Estados Unidos e na Rússia, preside à 2ª edição do concurso de piano da cidade de Paris.

Em 2002 criou uma nova formação, a Newdecaband que toca exclusivamente peças originais. A última gravação desta formação, Exposition sans tableau, (2006), para a Nocturne, recebeu o "Choc de l’année", da revista Jazzman e o "Disque d’Emoi 2006" da revista Jazzmagazine. Continua a tocar a solo, em duos, nomeadamente com o trompetista Eric Le Lann ou em trio com os irmãos Louis e François Moutin.

Dave Douglas

Dave Douglas é geralmente considerado um dos mais importantes e originais músicos americanos a emergir na cena do jazz e da música improvisada das últimas décadas. As suas colaborações como trompetista abrangem muitos dos mais relevantes artistas contemporâneos: John Zorn, Joe Lovano, Bill Frisell, Don Byron, Steve Lacy, Fred Hersch, Anthony Braxton, Myra Melford, Andy Bey, Nick Didkovsky, Trisha Brown, Terry Winters, Jenifer Tipton, Louis Sclavis, Henry Grimes, Tim Berne, Tom Waits, Rabih Abou-Khalil, DJ Olive, Ikue Mori, Han Bennink, Misha Mengelberg, Chris Potter, Uri Cane, Mark Turner, Roswell Rudd, Andrew Cyrille, Marc Ribot, Karsh Kale, Mark Dresser, Mark Feldman, Marty Ehrlich e muitos outros.

Douglas nasceu em 24 de Março de 1963 em Montclair, New Jersey, crescendo na área metropolitana de Nova Iorque. Começou a tocar piano aos cinco anos e trombone aos sete, descobrindo o trompete dois anos depois. Aprendeu jazz e harmonia clássica na escola secundária e começou a tocar música improvisada em Barcelona, em 1978, onde estava a estudar num regime de intercâmbio de estudantes.

Entre 1981 e 1983 Douglas estudou em Boston na Berklee School of Music e no New England Conservatory. Refere, como as suas primeiras influências musicais, Igor Stravinsky, John Coltrane e Stevie Wonder.

Em 1984 mudou-se para Nova Iorque, frequentou a New York University, estudando trompete com Carmine Caruso e tocou pela cidade com grupos de jazz, funk e de música experimental.

Entre 1987 e 1990 participou em digressões internacionais com artistas como Horace Silver, Vincent Herring, Tim Berne, Don Byron, Dr. Nerve e Bread and Puppet Theater (uma companhia de marionetas fundada no início dos anos 1960, que se tem notabilizado, para além da qualidade do seu trabalho, por ser politicamente muito empenhada manifestando-se, por exemplo, contra a guerra do Vietname ou a invasão do Iraque).

Começou a gravar no início dos anos 1990 e a sua discografia inclui registos para as editoras Hat Art, Soul Note, New World, Arabesuqe, Songlines e Winter & Winter. A sua discografia inclui vinte e um álbuns de música composta por si e participações em cerca de mais uma centena de discos

Dave Douglas recebeu bolsas do National Endowment for the Arts, de Meet the Composer (organização de Nova Iorque que apoio compositores), de Mary Flager Cary Charitable Trust e Arts International.

De entre as entidades que lhe encomendaram a composição de peças para grupos variados, contam-se o Vooruit, de Gand, Bélgica, o Extension Ensemble, de Nova Iorque, ou a Library of Congress.

Em Novembro de 1998 Dave tomou parte do "New Jazz Meeting" organizado pela Rádio alemã do Sudoeste, colaborando com o intérprete libanês de oud Rabih Abou-Khalil e o clarinetista francês Louis Sclavis. Douglas fez digressões como convidado com o trio holandês de música improvisada Clusone Trio (Michael Moore, Ernst Reijseger e Han Bennink).

Em 2002 funda e co-dirige o Festival of New Trompet Music, que desde então se realiza todos os anos em Nova Iorque, dedicado à apresentação do mais largo espectro possível de nova música composta e interpretada por trompetistas.

As bandas que liderou ou lidera têm-se apresentado, desde 1994, nos mais importantes festivais de jazz ou de música contemporânea, nos EUA; Canadá, Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Áustria, França, Holanda, Bélgica, Espanha, Portugal, Itália, Polónia, Eslovénia, Suécia, Noruega, Suíça, Finlândia, Estónia, Austrália e Nova Zelândia.

Para além da sua actividade como trompetista, compositor, líder de bandas formadas por músicos inovadores e social e politicamente empenhados, Douglas também exerce funções pedagógicas e de ensino. Deu master classes e workshops em Universidades e escolas por todo o mundo, incluindo Harvard College, University of North Texas, Eastman Collge, New York University.

Douglas recebeu inúmeras distinções. O painel de críticos e os leitores da Revista Down Beat elegeram-no trompetista do ano sucessivamente em 2001, 2002, 2003, 2004, 2005. Nalguns anos foi também considerado compositor do ano ou os seus álbuns designados melhores discos do ano. Em 2006 foi nomeado para os Grammy na categoria de melhor álbum de jazz contemporâneo e em 2003 tinha sido nomeado para a categoria de melhor álbum instrumental de jazz.

1 Comments:

At quarta mai. 09, 07:49:00 da tarde 2007, Blogger Daniel Pelegrín said...

uma experiência incrível, dois génios com humor e sensibilidade extrema, puro prazer

 

Enviar um comentário

<< Home


Site Meter Powered by Blogger