Parabéns, João Freire

Aqui fica, conforme prometido, a fotoreportagem do evento Parabéns, Luís Villas-Boas, captada pelas lentes do fotógrafo João Freire, que tão abrangente e rico arquivo possui do Jazz em Portugal.

Parabéns, pois, João Freire! E obrigado, claro.

No princípio era o livro...


Da esqdª para a dtª: Eng.º Bernardo Moreira (Hot Clube), João Moreira dos Santos,
Prof. José-Augusto França e Dr. Manuel Rosa (Assírio & Alvim)

... mas o importante era mesmo a música, que teve o pontapé de saída com o conjunto de Rão Kyao, que Luís Villas-Boas apresentou em 1971, no I Cascais Jazz. Agora na flauta, e já não no saxofone-tenor, Kyao trouxe ao Jardim de Inverno do São Luiz as sonoridades do Oriente.



Carlos Menezes, 87 anos, um dos mais importantes guitarristas da música portuguesa do Século XX, estreou-se no Jazz nos anos 40 (tendo chegado a acompanhar pontualmente o saxofonista Don Byas) e representou neste evento os decanos do Jazz em Portugal. Acompanharam-no em "Laura" António José de Barros Veloso (piano) e Bernardo Moreira (contrabaixo). O seu som continua límpido e jazzy e talvez faça ainda inveja a muitos jovens guitarristas.





Era tempo de entrar em palco outro histórico do Jazz em Portugal, o baterista Gualdino Barros.





Seguiram-se os músicos do antigo Quarteto do Hot Clube de Portugal, agora reduzido a trio, com a morte recente de Jean-Pierre Gebler: Justiniano Canelhas (piano), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Manuel Jorge Veloso (bateria).



Entretanto surgia em palco um convidado muito especial, nada menos do que Paulo Gil, a fazer a sua estreia (se não erramos) junto do grande público, sem dúvida surpreendido com o seu scat singing. Em que outro país é que um produtor de festivais também dá música (literalmente) a sério?! O testemunho do acompanhamento a Paulo Gil seria depois passado a Filipe Melo (piano) e Bernardo Moreira - filho (contrabaixo), mantendo-se Manuel Jorge Veloso à bateria.



A actividade de Luís Villas-Boas passou também pela produção de discos para a então Philips (actual Universal Music). Um dos músicos que produziu e com quem fez amizade foi João Braga, que apresentou variações em torno de "Autumn Leaves" e recordou os tempos em que ambos produziram o I Cascais Jazz, com direito a passagem pela sede da PIDE/DGS (obra desse grande português...) e direito a "pequeno-almoço de croissants e café com leite"... A acompanhar o fadista/jazzista estiveram José Luís Nobre Costa (guitarra portuguesa), Jaime Santos Jr. (viola de fado) e Joel Pina (viola-baixo de fado, o decano destes instrumentistas).


PS: Não digam nada, mas o senhor do baixo (o primeiro a contar da direita) tem tão só 87 anos!

Outro grande amigo de Luís Villas-Boas subia ao palco: Fernando Tordo. Para Villas-Boas, o amigo escreveu "O Homem do Jazz", que aqui interpretou magistralmente.



Ainda as palavras de Fernando Tordo pairavam no ar e já a Big Band do Hot Clube de Portugal atacava forte e feio! Nunca soou tão bem esta orquestra. (Parabéns, Pedro Moreira e todos os músicos que compõem esta locomotiva de swing!)



Paula Oliveira emocionou-se visivelmente e mostrou toda a sua segurança e todo o seu profissionalismo.



Eram já altas horas da madrugada quando Maria Viana entrou em palco para um dos momentos que mais comoveu a audiência, particularmente com a sua interpretação de "Someone to Watch Over Me", canção que já se tornou um género de assinatura musical desta voz inconfundível. A acompanhá-la o piano de António José de Barros Veloso.



Mário Laginha não podia faltar a esta homenagem e mostrou o seu virtuosismo num tema em piano solo que deixou muito bom amador de jazz de boca aberta.



Luís Villas-Boas tinha grande admiração pelos irmãos Moreira (que aliás refere numa das entrevistas contidas no livro "O Jazz Segundo Villas-Boas), cabendo a Pedro (saxofone), João Moreira (trompete) e Bernardo Moreira (contrabaixo) encerrar a noite, acompanhados pelo piano de Barros Veloso e a bateria de André Sousa Machado.



Do tempo de Villas-Boas faltaram à chamada, não por decisão dos próprios, diga-se em abono da verdade, Rui Veloso (com um concerto no Porto nesta mesma noite), Carlos do Carmo, Bernardo Sassetti, José Eduardo e Carlos Barretto (todos ausentes no estrangeiro), Carlos Martins (a gripe anda aí...), Laurent Filipe (que compromissos matinais inadiáveis não permitiram, com muita pena nossa, prolongar mais a longa espera pela respectiva actuação) e Maria João (por falha da organização do evento, ou seja, nós - isto para não dizerem já que não temos sentido de auto-crítica).

António Macedo entrevista Rão Kyao - Foto de Pedro Esteves

Incansável esteve antónio Macedo, outro amigo de Villas-Boas, que assegurou a apresentação do evento e "obrigou" todos os participantes a autografarem a fotografia gigante de Villas-Boas exposta na sala. Esta imagem destina-se à futura Casa do Jazz e encontra-se até lá à minha guarda.

Da nossa parte foi um prazer e uma honra organizar com o Hot Clube de Portugal e o São Luiz este evento que não se volta a repetir e que ficou devidamente registado em áudio e vídeo.