9 de novembro de 2006

Bruno Santos: A tradição ainda é o que era...

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Foto de João Moreira dos Santos

Nascido na ilha da Madeira, chegou a Lisboa, viu e convenceu e aos 30 anos Bruno Santos conta já com oito discos no seu curriculum, sendo um dos guitarristas mais solicitados no meio jazzístico nacional. A sua guitarra, fiel à tradição de mestres como Wes Montgomery e Jim Hall, tem colorido os registos e concertos de músicos como Laurent Filipe, Bernardo Moreira e Ana Paula Oliveira, Filipe Melo e Marta Hugon. JNPDI! quis saber mais e aqui fica o resultado de um longo e interessante diálogo numa manhã de Novembro...

JNPDI!: Como é que chegaste ao jazz?

Bruno Santos: Comecei, como quase todos os guitarristas, a tocar rock e pop porque a guitarra é um instrumento que se consegue aprender sem saber nada de música, só vendo e copiando posições. Entretanto comecei a ter aulas, interessei-me por uns acordes da bossa-nova e a partir daí aproximei-me cada vez mais do jazz, primeiro a ouvir as coisas mais próximas da bossa-nova e depois a ouvir a big band do Duke Ellington.

JNPDI!: E como é que tiveste contacto com os discos do Duke Ellington?

BS: Havia na madeira um núcleo pessoal, que ainda existe, coordenado por um músico amador (Jorge Borges) - que aliás é professor de economia mas tem uma grande paixão pelo jazz - e que nos mostrava discos e nos punha a ouvir standards. Eu comecei a gostar e a tocar algumas coisas aí e depois decidi que era aquilo que queria fazer e então vim para Lisboa.

JNPDI!: Até porque a ilha da Madeira não é propriamente conhecida pelo Jazz...

BS: De facto na madeira o meio é um bocado pequeno, apesar de haver grande tradição musical nos hotéis.

JNPDI!: Onde é que começaste a estudar guitarra?

BS: No Algarve, onde estava a estudar gestão de empresas. Fiz lá umas aulas no conservatório e paralelamente tive duas ou três aulas com o Zé Eduardo. Entretanto desisti do curso já com a ideia de vir para o Hot Clube, mas resolvi ir para a Madeira mais um ano para ter umas aulas e aprofundar algumas coisas básicas, para cortar um pouco o caminho.

JNPDI!: E é aí que entras no conservatório do Funchal. Quanto tempo estudaste?

BS: No conservatório do Funchal cheguei a estar quase dois anos. Foi uma coisa já mais a sério e paralelamente continuei a ter aulas relacionadas com o jazz e a participar no tal núcleo e foi aí que mantive a chama do jazz activa.

JNPDI!: E tinhas aulas de guitarra?

BS: Tinha aulas particulares com um impulsionador do jazz na Madeira, o Humberto Fournier - que está directamente relacionado com o curso de jazz que agora existe no conservatório do Funchal - e ele mostrava-me discos e dava-me a conhecer músicos. Eu próprio também comecei a fazer a minha pesquisa; procurei uns livros, comprei uns discos...

JNPDI!: E a seguir, em 1998, vens para a escola do Hot Clube. Este é certamente um marco importante na tua aprendizagem.

BS: É, até porque um ano antes eu já estava com ideia de vir para cá e estava ansioso. Depois de estar em Lisboa reparei que havia uma grande diferença na quantidade de músicos e no nível, que era obviamente muito superior, além de ter também a possibilidade de ver concertos. Tudo isto me fez em pouco tempo perceber que era aqui que eu queria ficar.

JNPDI!: Quem foi o teu mentor de guitarra no Hot?

BS: Tive aulas com vários professores, mas o primeiro de todos foi o Mário Delgado e foi bastante importante porque ele é uma pessoa muito organizada nas aulas e deu-me informação básica, mas bastante sólida e fundamental. Tive ainda o Vasco Agostinho, que também foi importante, e o André Fernandes.

JNPDI!: O que é que fez realmente a diferença no Hot em termos de aprendizagem?

BS: Acho que o mais importante foi provavelmente conviver com os músicos, neste caso com os meus professores da altura - não só os de guitarra mas também os de outros instrumentos, que são músicos que tocam regularmente - e conhecer uma série de pessoas que estavam a estudar comigo e poder tocar com elas. Acho que isso é o mais importante numa escola: entrar no meio, conviver com as pessoas e vê-las de perto a tocar.

JNPDI!: E começaste a entrar nas jam-sessions da cave da Praça da Alegria, no Hot?

BS: Sim, comecei aos poucos e inclusive estive quase dois anos a chegar lá às dez da noite às terças-feiras para me juntar com o Dr. Barros Veloso, que é uma enciclopédia de standards. Foram dois anos bem passados e bastante importantes.

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Com Tó Zé Veloso e Bernardo Moreira, na sede da Ordem dos Médicos (2005).
Foto de Isabel Almasque

JNPDI!: Um ano depois de entrares na escola do Hot já estavas a representá-la no encontro anual da IASJ (International Association of Schools of Jazz)... Que significado teve para ti esta experiência?

BS: Foi bastante importante. Para já porque é sempre gratificante representar o Hot Clube fora do país e depois porque tive a oportunidade de conviver com uma data de músicos de todo o mundo; estudantes e professores.

JNPDI!: Notaste alguma diferença substancial de nível musical entre os alunos portugueses e os de escolas de outros países?

BS: Na altura achei algumas diferenças, mas acho que teve a ver com o facto de na época não haver no Hot um ou dois alunos ao nível de alguns que encontrei lá. Talvez fôssemos para aí uns 150 alunos e havia oito ou nove que se destacavam claramente, mas acho que era aleatório, eram pessoas de países diversificados: Itália, Finlândia... É claro que havia um americano que se destacava, um contrabaixista, mas não senti grandes diferenças devido ao facto de quando estamos a falar dos dois melhores alunos de cada escola à partida são sempre dois bons músicos... Havia se calhar uma dezena que se destacava e nenhum deles era do Hot.

JNPDI!: Entretanto voltaste ao Hot no ano 2000, agora já como professor, onde dás aulas individuais de guitarra, laboratório e combos. Em que consistem estas actividades, especialmente o laboratório, que é talvez o que mais curiosidade pode suscitar entre os leitores?

BS: No laboratório, que é uma fase inicial do instrumento, basicamente há uma preocupação com a parte técnica, a parte puramente técnica, e há um primeiro contacto com o material que se usa na cena jazzística: escalas, acordes, tocar um ou outro tema... Há sempre também um trabalho de fim de semestre que passa por tirar um solo [de um disco] ou uma melodia interpretada por exemplo pelo Miles Davis ou pelo John Coltrane. Na aula individual, que é o nível mais avançado, tenho a preocupação de pôr os alunos a tocar melhor, mudar o aspecto dos acordes, mudar o aspecto da técnica, mudar o aspecto do fraseado... Tento ir por aí - respeitando o programa, mas tendo a flexibilidade de perceber que um aluno ou outro têm de trabalhar mais um aspecto em concreto - dou algumas dicas sobre o que devem ouvir e ponho-os também a ouvir música e a tirar alguns solos. No combo a coisa funciona como uma aula avançada de instrumento: oriento vários alunos/instrumentos e dou dicas sobre o que devem ouvir, como devem tocar em grupo e o que devem fazer para melhorar.

JNPDI!: Como fazes a selecção do repertório para esses combos?

BS: Varia com a formação; tento adaptar o repertório à formação que tenho. Se for com uma cantora à partida 80 a 90% dos temas serão temas possíveis de cantar. Se tiver dois ou três sopros já posso ir buscar um arranjo dos Jazz Messengers, mas tento que seja um repertório relativamente variado, tendo por exemplo dois ou três standards com andamento médio, uma balada ou duas, um tema mais rápido, um tema mais latino, um tema mais modal; uma coisa variada para abranger os vários estilos e abordagens.

JNPDI!: Qual é o nível musical dos alunos?

BS: O nível geral é médio. As excepções são os melhores alunos.

JNPDI!: Dos alunos que já tiveste até hoje há algum que te tenha impressionado mais e em quem deposites maior esperança?

BS: Há o João Firmino, que é um aluno que foi estudar para a Holanda e que me surpreendeu porque teve uma evolução muito rápida e, além de ser muito talentoso e muito trabalhador, tem uma maturidade fora do normal para a idade que tem e para a pouca experiência que leva a tocar. E o mais importante é que é um guitarrista com um alto sentido musical, que é uma coisa difícil de explicar, mas que se percebe... É daquelas coisas que não é para todos, independentemente da quantidade de trabalho. Tenho grande confiança em que ele vai ser um guitarrista de altíssimo nível.

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Hot Clube, Junho 2005
Foto de João Moreira dos Santos

JNPDI!: Tu próprio vens de uma geração de excelentes guitarristas composta por ti, pelo André Fernandes, Afonso Pais, Nuno Ferreira... Como explicas que apesar da pequena dimensão do país surjam de repente "tantos" e tão bons instrumentistas?

BS: Eu acho que o percurso é todo muito parecido com a maioria dos guitarristas: começar a tocar rock e depois decidir aprofundar os conhecimentos da guitarra e os conhecimentos musicais, mais virados para a cena jazzística. E acho que as referências da geração anterior de guitarristas portugueses, o Pedro Madaleno e o Mário Delgado, fizeram bastante pela guitarra e acho que isso teve alguma influência; olhar para cima e ver o Mário Delgado e o Pedro Madaleno a um determinado nível e ter que chegar a esse nível para conseguir furar. E depois somos tantos guitarristas que tem de haver sempre quatro ou cinco a tocar a muito bom nível porque existe concorrência, saudável, mas existe.

JNPDI!: Quais são as tuas referências em guitarristas de Jazz estrangeiros?

BS: Dos mais antigos, o Wes Mongomery e o Jim Hall são claramente os que mais gosto. Depois, mais recentes, o Peter Bernstein, o Kurt Rosenwinkel, o Pat Metheny. Com mais ligações ao rock, e apesar de conhecer menos, o John Scofield.

JNPDI!: E sem ser guitarristas o que gostas de ouvir em termos de jazz?

BS: No meu processo de aprendizagem ouvi e continuo a ouvir vários instrumentos, mas provavelmente a minha formação favorita é o trio de piano ou o trio de guitarra, uma formação que gosto muito de ouvir, com músicos como o Herbie Hancock, o Bill Evans ou o Keith Jarrett. Depois, noutro tipo de formação, o John Coltrane, claro, o Miles Davis, o Joe Henderson... Enfim, há uma série de músicos, não só pianistas, que me influenciaram e continuam a influenciar.

JNPDI!: De todos os concertos a que já assististe, qual o que mais te impressionou positivamente?

BS: Vi há uns seis anos, no Seixal Jazz, o Jim Hall com o Joe Lovano e o Dave Holland. Fiquei impressionado especialmente com um tema a solo do Jim Hall, uma balada do Duke Ellington que ele tocou quase acústico, com o som da guitarra no mínimo. Fiquei impressionado com a qualidade do som e com o bom gosto.

JNPDI!: E guitarristas como o Django Reinhardt, dizem-te alguma coisa?

BS: Numa primeira fase ouvi muito o Django Reinhardt e é impressionante o que ele faz, mas não é um estilo com que me sinta muito identificado. É incrível a maneira como ele tocava e também foi muito inovador.

JNPDI!: Em termos de jazz se tivesses de eleger um músico favorito quem seria o teu ou a tua eleita?

BS: É uma pergunta que tem uma resposta difícil, apesar de eu já ter pensado nisso. Do Herbie Hancock e do Wayne Shorter escolheria um, não só pelos músicos que são, mas também pelo aspecto da composição. O Wayne Shorter é um compositor fora de série. Como músico e naquele aspecto de improvisador, que é a parte que mais me fascina, se calhar o Herbie Hancock é o improvisador mais incrível que eu ouvi e basta-me ouvir aqueles seis/sete anos do quinteto do Miles e não preciso de o ouvir mais para ficar absolutamente abismado com a fluidez da sua música.

JNPDI!: Musicalmente como te definirias?

BS: Eu gosto de pensar que sou relativamente versátil, até porque gosto de ouvir coisas muito distintas. Para tocar em qualquer grupo só há uma coisa que eu "peço": que a música seja boa, independentemente do estilo. Por exemplo, actualmente estou a tocar um repertório mais tradicional no trio de Filipe Melo, que me dá imenso gozo, e depois estou a tocar, como tive oportunidade de fazer nas últimas duas semanas, no grupo da Paula Oliveira e do Bernardo Moreira, com outro estilo completamente diferente em que não há swing, mas dá-me imenso gozo na mesma porque a música é boa. Portanto, gosto de pensar que sou ou tento ser versátil.

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Com o Trio de Filpe Melo, Setembro 2005.
Foto de João Moreira dos Santos

JNPDI!: E musicalmente onde te vês daqui a 10 anos?

BS: Aquilo que me dá mais gozo fazer é tocar. Daqui a 10 anos espero poder estar a participar em vários projectos, como estou agora, e poder ter o meu próprio projecto um pouco mais cimentado.

JNPDI!: Achas que neste momento Portugal é um bom país para se ser músico de Jazz?

BS: Acho que sim, honestamente. É óbvio que todos os músicos desejariam estar a tocar mais... É um bom país em comparação àquilo que se passa no resto do mundo. De vez em quando temos contacto com músicos que vêm de fora, americanos e não só, e que se queixam de ter pouco trabalho lá e estão cá duas ou três semanas a tocar e dizem que isto aqui é incrível por que há imensa actividade e muita gente a tocar.

JNPDI!: Qual é neste momento o motor para o desenvolvimento do Jazz em Portugal?

BS: Acho que o motor continua a ser o Hot Clube, pelo menos em Lisboa e arredores, porque é um ponto de referência, a escola mais importante ainda continua a ser a do Hot e os alunos vão todos lá parar e começam aí e a grande percentagem dos músicos profissionais passou por lá como aluno ou como músico profissional, nas jam-sessions ou em concertos.

JNPDI!: E há um circuito para o Jazz ao vivo neste momento?

BS: Há o circuito de bares e de clubes que não é muito grande e se esgota rapidamente. Depois há o circuito dos festivais e de grandes salas, dos auditórios e teatros, que está mais relacionado com as câmaras municipais e que é um circuito um bocadinho mais fechado.

JNPDI!: Mais fechado em que sentido?

BS: Onde passam os projectos mais sólidos ou mais antigos. Está um bocadinho dominado por este tipo de projectos. Não digo isto no sentido crítico, acho é que podia haver abertura para grupos mais novos, até por uma questão de pensar a médio/longo prazo.

JNPDI!: E em termos de divulgação, o que achas que faz falta para dar mais apoio aos jazzmen portugueses e aos seus discos?

BS: Acho que faz falta algum apoio. Temos o caso, por exemplo, do disco da Paula Oliveira com o Bernardo Moreira, que é um excelente disco, mas que teve um grande apoio de uma máquina de publicidade muito grande, que faz toda a diferença, como é óbvio. O disco podia ser muito bom, mas se ninguém o conhecesse? Faz falta o apoio e o querer arriscar em publicitar uma coisa que tem qualidade.

JNPDI!: E quem é que podia fazer esse trabalho?

BS: Se calhar, para começar, as editoras, pegando em grupos novos e em música de qualidade e investindo na publicidade, porque já se viu que esse é o grande trunfo para o sucesso. Aliás, se calhar essa é a justificação para que intérpretes de tão baixa qualidade tenham tanto anos de sucesso, por que as pessoas são constantemente bombardeadas com publicidade... Já agora por que não fazer o mesmo com música de qualidade?

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JNPDI!: Por falar em publicidade e divulgação, achas que o teu primeiro disco, o Wrong Way, que lançaste em 2005, podia passar na rádio?

BS: Acho que sim. É um disco acessível, acho eu, no sentido que segue ainda uma linha mais tradicional, se bem que são temas com outro tipo de formas e outro tipo de acordes, mas que ainda seguem um pouco esse espírito.

JNPDI!: Como é que surgiu este projecto?

BS: Reuni o grupo [Jorge Reis, Nelson Cascais e Bruno Pedroso] em 2001/2002, um pouco por acaso porque apareceram um ou dois concertos. Depois de ter escrito a música e de a termos tocado achei que a coisa resultava bem, que nós combinávamos bem e nos sentíamos bem a tocar aquela música e, antes que ela se esgotasse, perguntei ao André Fernandes [Tone of a Pitch - TOAP] se ele estaria interessado em editar o disco e então gravámos num bar, no Projecto Jazz, em Pombal.

JNPDI!: Em Fevereiro de 2007 vais lançar um novo disco, novamente na TOAP. Já tem título?

BS: Talvez Submerso, que é uma das faixas.

JNPDI!: Todos temas teus?

BS: Sim, exacto.

JNPDI!: Com o mesmo grupo do Wrong Way?

BS: Não, agora é uma formação mais pequena, em trio, com o Bruno Pedroso e o Bernardo Moreira.

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Na Madeira, com Bernardo Moreira e Bruno Pedroso, durante a gravação do mais recente CD.

JNPDI!: Tu, aliás, tens gravado bastante. Só em 2005, além do teu próprio projecto gravaste o Debut, com o trio do Filipe Melo, o Lisboa que adormece, com o Bernardo Moreira e a Paula Oliveira, o Joana Rios canta Ella Fitzgerald ao vivo no Hot Clube e ainda o Tender Trap, da Marta Hugon. Começas a ser um guitarrista muito solicitado...

BS: Houve de facto um período de um ano e meio em que os projectos em que eu estava a tocar gravaram todos. O último que gravei foi o Ode to Chet, do Laurent Filipe. Acho que isso tem também a ver com o facto de agora ser mais fácil gravar e editar discos de jazz. Há mais editoras a apostar, curiosamente. O disco do Laurent é da Som Livre, o do Bernardo é da Universal e depois há a editora do André Fernandes [TOAP], que permitiu que muitos projectos fossem conhecidos e ficassem registados.

JNPDI!: Quantas horas tens de praticar diariamente para seres um guitarrista com a qualidade que te impões?

BS: Na fase de estudante, no Hot, praticava há volta de 5/6 horas por dia. Agora que tenho os dias mais ocupados, com as aulas, os ensaios e os concertos, se pratico um pouco menos também me sinto em forma quando tenho muita actividade de ensaios e concertos. Uma hora de concerto equivale a muitas horas de estudo porque é uma coisa muito mais intensa.

JNPDI!: Tu vives só da música, de dar aulas e tocar...

BS: Só.

JNPDI!: E dá para viver em Portugal sendo músico de jazz?

BS: Vai dando? Até agora deu e espero que continue a dar, mas é um tipo de trabalho que traz alguma insegurança porque há meses muito bons, mas depois há meses em que não se passa nada. Os meses de Agosto e Janeiro costumam ser meses bastante fracos. Eu acredito que dá desde que haja um mínimo de competência.

JNPDI!: Sendo tu um expert na guitarra que discos, num máximo de cinco, aconselharias a um leitor do JNPDI! que quisesse ter em casa bons embaixadores deste instrumento?

BS: Logo como número um coloco o Smokin? at the Half Note [Ed. Verve, 1965], com o trio do Wynton Kelly e o Wes Montgomery. É um excelente disco.

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Depois, um disco do Jim Hall, que se chama Live [Ed. Horizon, 1976], um trio com Don Thompson (contrabaixo) e Terry Clarke (bateria).

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Há mais um disco do Wes Montgomery que eu aconselharia, que é o Full House [Ed. Riverside/OJC, 1965].

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Há um outro excelente disco, do Chris Cheek com o Kurt Rosenwinkel: I Wish I Knew [Ed. Fresh Sound, 1997].

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Se calhar aconselharia o Signs of Life [Ed. Criss Cross, 1995], do Peter Bernstein com o Brad Melhldau.

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Tenho pena de deixar um de fora, o The Incredible Jazz Guitar of Wes Montgomery [Ed. Riverside/OJC, 1960], com o Tommy Flanagan. Não é fácil escolher cinco...

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Discografia completa:

Como líder

Bruno Santos, Wrong Way (TOAP, 2005)

Como sideman

Hugo Alves, Estranha Natureza (Ed. do autor, 2003)
Bernardo Moreira e Paula Oliveira, Lisboa que Amanhece (Universal, 2005)
Joana Rios, Joana Rios Canta Ella Fitzgerald (TOAP, 2005)
Trio de Filipe Melo, Debut (Clean Feed, 2005)
Marta Hugon, Tender Trap (Som Livre, 2005)
Laurent Filipe, Ode to Chet (Som Livre, 2006)

Website: www.brunomfsantos.com

3 Comments:

At segunda nov. 13, 09:02:00 da tarde 2006, Anonymous Anónimo said...

Foi meu prof.(combo) no hot clube ,e apesar de não termos grandes afinidades sonoras nunca me massacrou ou atirou para baixo , pelo contrario.Além de ter bom SOM! É um bom prof. ,UM SENHOR!!!Merece BEM este extenso artigo.

Sempre pacatamente
António Duarte Monteiro (sax tenor)

 
At terça nov. 14, 04:49:00 da tarde 2006, Blogger JMS said...

Obrigado, amigo António, pelo seu testemunho!

 
At quarta mai. 09, 10:33:00 da tarde 2007, Anonymous Anónimo said...

Engraçado que fui visitar a Madeira e pesquisei agora imagens na internet. Vim aqui parar e encontrei o Bruno que foi meu colega no Hot Club. Já na altura ele destacava-se bastante.
Não sei se ele se recordará de mim, pois eu estava a tirar o curso de voz na altura, mas de qualquer maneira deixo aqui os meus parabéns pela sua evolução :)

 

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