Casa Shei(l)a para Jordan
[Foto de João Moreira dos Santos]
A cantora Sheila Jordan actuou ontem à noite no Ciclo Internacional de Jazz que a Câmara Municipal de Oeiras se encontra a promover.
À sua espera encontrava-se uma casa cheia e bem conhecedora do seu trabalho.
Embora já não tenha a voz fluída de outros tempos, até porque já lá vão 76 anos de idade, Jordan dispõe ainda de muitos recursos vocais e de sabedoria de palco para assegurar um espectáculo inesquecível e pleno de comunicação, que foi o que ontem sucedeu. A acompanhá-la esteva um super trio liderado por Serge Forté, que se revelou um exímio pianista, com um notável contrabaixista e um competente baterista.
O concerto começou com "Humdrum blues", tema original de Oscar Brown Jr., e teve como pontos altos a interpretação de "Black Bird" (McCartney e John Lenon), "Dat Dere", (com letra de Oscar Brown Jr.) e de "Sheila's Blues", tema em que a cantora percorreu a sua vida musical e os encontros com Charlie Parker. Já o pianista Serge Forté esteve em evidência com uma notável interpretação do clássico "Take the A Train".
Nos bastidores com Sheila Jordan
Sheila Jordan perguntou durante o concerto se Duarte Mendonça (produtor de Jazz) estava na sala e no final do espectáculo o próprio fez questão de a cumprimentar, ele que foi o primeiro a trazê-la a palcos nacionais, quando a contratou para actuar no Estoril Jazz em 1992.
[Foto de João Moreira dos Santos]
Não podíamos, claro, deixar de dar nota dos criativos sapatos desta senhora de 76 anos de idade e 50 de jazz...
[Foto de João Moreira dos Santos]
... e de tirar uma fotografia para mais tarde recordar...
[Foto de Rosa Reis]
Requisitada pelos fãs, Sheila Jordan subiu ao átrio do Auditório Municipal Eunice Muñoz para autografar os seus discos, mas foi surpreendida com uma chamada telefónica especial de Adriana, cantora e filha de José Duarte, que bem conhece de Nova Iorque.
[Foto de João Moreira dos Santos]
"How come you're getting married and I don't know?" - Pergunta a sempre bem disposta Sheil Jordan para logo a aconselhar a cantar no seu casamento a canção "I'm Glad There is You" e começar a cantarolar ao telefone:
In this world of ordinary people
Extraordinary people
I'm glad there is you
In this world of over-rated pleasures
Of under-rated treasures
I'm so glad there is you
I live to love, I love to live with you beside me
This role so new, I'll muddle through with you to guide me
In this world where many, many play at love
And hardly any stay in love
I'm glad there is you
In this world where many, many play at love
And hardly any stay in love
I'm glad there is you
More than ever, I'm glad there is you
Sheila Jordan fez ainda questão de nos lembrar que a língua portuguesa tem excelentes intérpretes, como Ivan Lins e João Gilberto, e não deixou de tirar fotografias com os seus admiradores:
[Foto de João Moreira dos Santos]
A simpatia em pessoa!
21 Comments:
Que pena não ter podido assistir a este espectáculo. Fica para a próxima.
Sim, relamente foi pena porque foi fantástico.
Para a semana, não perder Ben Allison com Steve Cardenas.
Foi muito bom, fantástico. No final, também falei com a Sheila Jordan no átrio e pedi para ela assinar os meus cd's. Só tive pena de não ter uma máquina fotográfica, para mais tarde recordar!
Veio de propósito do Porto para a ver?
Sim. E ainda bem que fui: foi fantástico! Das cantoras que eu nunca pensei ver ao vivo, já só falta a Helen Merrill. Quando ela vier a França, não me escapa.
A única coisa que lastimo foi não levar uma máquina fotográfica. Enquanto falava com ela, um rapaz tirou umas fotos e ficou com o meu contacto para as enviar. Ainda tenho uma pequena esperança. :)
Quanto ao e-mail: que inveja... Não sei se envio...
Estou a brincar! Está no porta-luvas, envio amanhã.
A Helen Merrill actuou por cá nos anos 90. Tive oportunidade de a ver e ouvir, mas nada comparável a Betty Carter, que vi por duas vezes, em 1990 e em 1996. Ambas inesquecíveis.
Bem, eu também já fui ao Porto de propósito ver o Hank Jones com o Joe Lovano, na Casa da Música...
O que não se faz pelo bom jazz!
:)
Já agora e por falar em Porto, então e o concerto que a Dee Dee Bridgewater aí deu este ano? Foi ver?
Eu tive pena...
Para mim, das actuais vozes é a melhor e a mais jazzy e mais completa.
Uma maldita constipação com tosse forte impediu-me de ir: além de não me sentir muito bem, tenho sempre receio de começar a tossir e incomodar assistência e artistas...e então se forem tipo João Gilberto, acaba logo o concerto. O Ben Allison actua na Sexta ou no Sàbado?
Sábado e adivinha-se um excelente concerto...
Eu também acho a Betty Carter impressionante mas, não sei explicar, a Helen Merrill é, para mim, um caso de fascínio. Gosto de todos os seus trabalhos (acho que tenho quase tudo o que está disponível em CD), independentemente da época. Da Betty Carter saliento o impressionante álbum duplo "The Audience With Betty Carter" (Ao vivo, em 1979), e a famosa "Baby, it's cold outside", em dueto com o Ray Charles.
Das cantoras já falecidas, as de eleição são a Billie Holiday e a Carmen McRae. Das vozes actuais, também gosto muito da Dee Dee Bridgewater (embora não goste muito do último disco, "J'ai Deux Amours", e nada do penúltimo, "This Is New"), e acrecento, como preferência pessoal, a canadiana Jeri Brown.
A Jeri Brown andou por cá no ano passado, cantou da FNAC de Cascais, mas quase ninguém deu por ela.
JNPDI! deu, claro.
:)
Claro! Quanta modéstia...
:)
Ah, outra cantora fundamental, que esqueci de referir: Rene Marie.
Em princípio deve actuar por cá lá para o ano que vem.
:)
Então e a nossa Maria Viana.
Gosto muito dela. Apenas acho que não tem sido apoiada como devia.
Boa noite sempre com bom jazz.
Maria
A nossa Maria Viana é uma querida amiga e uma excelente cantora que, com muita pena minha, não tem tido a divulgação que merece.
É a nossa Billie Holiday.
Se souberem de mp3 com a música dela avisem para pormos aqui a tocar.
:)
Tenho um disco dela (infelizmente, não tenho em mp3) e vi-a há uns meses no Teatro Sá da Bandeira (no âmbito do Fantas Sound, festival paralelo ao FastasPorto). Gostei muito, mas daí a dizer que é a nossa Billie...
Mas sabe quem me faz lembrar Lady Day? Uma cantora que vive entre os EUA e França, Madeleine Peyroux. O fraseado e o sentido ritmico são diferentes, mas o timbre e as inflexões da voz, por vezes, são assustadoramente parecidos. Claro está que a Billie continua a ser a Billie.
Uma cantora portuguesa de que gosto, e que também não tem o reconhecimento merecido, é a Fátima Serro. Há uns anos vi uma fantástica, chamada Maria Anadon, mas nunca mais soube nada dela. Sabe alguma coisa?
Voltando à Maria Viana, na altura (03-03-2005) escrevi no meu blogue:
«Ontem, assisti ao concerto da exímia cantora de jazz e de blues Maria Viana, filha do actor e pintor José Viana (já falecido). O concerto ocorreu no âmbito do FANTAS SOUND!, um festival paralelo ao FANTASPORTO, mas dedicado à música. É de projectos como este que a cultura em Portugal precisa. E de pessoas como Mário Dorminsky.»
(http://thecatscats.blogspot.com/2005/03/fantas-sound-ontem-assisti-ao-concerto.html)
A Fátima Serro publicou um texto muito bom sobre cantoras de jazz na colecção Let's Jazz em Público.
Da Maria Anadon não sei nada.
Quanto à Peyroux, concordo inteiramente. Escrevi aqui em tempos um post sobre isso.
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