4 de julho de 2005

Estoril Jazz em imagens I

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[Foto de João Moreira dos Santos]

Com a primeira parte do Estoril Jazz já concluída, JNPDI! deixa aqui algumas imagens dos concertos realizados, à excepção do protagonizado por Von Freeman, o qual não tivemos oportunidade de fotografar.

O homem de azul

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[Foto de João Moreira dos Santos]

Houston Person protagonizou aquele que consideramos o melhor concerto dos três já realizados.

Apresentou-se com um fato de azul berrante e o seu saxofone "exorcizou" os blues, numa linguagem de fraseado universal e comunicativo.

Tivemos oportunidade de o entrevistar e contamos publicar aqui em breve o seu discurso.

É um dos músicos mais subavaliados do jazz...

O pianista, que apesar da avançada idade parecia teimar em "brincar" com o piano como a criança a quem deram um novo brinquedo (que espírito!), e o baterista que o acompanharam em palco foram de enorme competência.

Casa cheia para Cincotti

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[Foto de João Moreira dos Santos]

Peter Cincotti quase esgotou o Parque Palmela, mas a sensação que fica é que deu menos do que podia dar. Em qualidade e em quantidade, o que deixou a organização deveras insatisfeita.

Foi bom ver o auditório repleto, mas deu pena saber que melhores projectos que já por ali passaram tiveram uma moldura humana bem menos composta. Coisas da fama e do marketing...

Cincotti apresentou um repertório pouco jazz, alicerçado em composições originais e em temas mais ligados à pop e ao rock.

Tem uma grande voz e um enorme talento para os seus 23 anos de idade.

Pessoalmente, é de uma enorme simpatia, como pudemos constatar, mas acusa a juventude. Falta-lhe a segurança e o savoir-faire de um Houston Person. Há coisas que só a idade e a experiência trazem e há outras que só se fazem fruto da juventude e da irreflexão...

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Hoje o Estoril Jazz prossegue no CCB, com o trio de Lynne Arriale e a voz de Marta Hugon, uma jovem voz portuguesa que, para além de cantar, se dedica à publicidade. Ou será o contrário?

;)

10 Comments:

At segunda jul. 04, 12:27:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Eu fiquei agradávelmente surpreendido com a "casa cheia": muita gente jovem, muita gente a conhecer algumas das músicas aos primeiros acordes. O reportório misto tem (talvez) o mérito de trazer para o jazz, aos poucos, mais ouvintes. Os mais jovens gostaram, aliás a maioria do público gostou. Também fiquei desagradado com a quantidade... e também pensei, à saída: o John Pizzarelli não teria sido muito melhor? Eu sei, eu sei, vende pouco...

 
At segunda jul. 04, 01:44:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Concordo inteiramente consigo.

O John Pizarrelli teria feito muito melhor, a avaliar pelos discos dele ao vivo.

Sucede que na Europa ele não tem qualquer saída, o que faz com que quem queira trazê-lo tenha de enfrentar pesadíssimos custos de transporte e logística.

A crítica, ao que sabemos, vai arrasar o concerto de Cincotti, mas a verdade é que é este tipo de música que está a revitalizar o jazz...

 
At segunda jul. 04, 03:42:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Não quero ser "chato" com isto do Pizzarelli, mas repare no mês de Julho.
Julho 5, Birdland Vienna
Julho 7 Valência Jazz Fest
Jolho 8 e 9 Canarias Jazz Fest
Julho 12 e 13 Victoria Jazz Fest
Julho 16 Almucenar Jazz Fest
Só descobri isto demasiado tarde, de outra forma lá estaria num desses festivais: uma das coisas que mais me agradam no Pizzarelli (e que não foi bem assim com o Cincotti)é a forma como ele mostra que adora o jazz: e tem aquilo que os Brasileiros definem como "uma alto astral" além, claro, daquela forma por vezes estonteante de tocar: de facto também a idade ajuda: sempre tem mais vinte anos que o Cincotti, fez muitas aberturas de shows do Frank Sinatra, e até tenho uma gravação dele e do pai com o Stephane Grapelli.

 
At segunda jul. 04, 04:25:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Bem, pode ser que ele realmente agora tenha mais saída na Europa, mas a informação que tenho tido dos produtores de jazz nacionais vai no sentido de ele ser pouco requisitado para festivais europeus.

Pode ser que assim já seja possível trazê-lo a Lisboa.

Vou trabalhar a ideia.

;)

 
At segunda jul. 04, 11:04:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Desta primeira parte do Estoril Jazz ficaram-me algumas perguntas:

1ª Se o concerto menos conseguido foi o de Peter Cincotti, o que estou completamente de acordo, porque será que foi o que teve a maior audiência? Porventura a maior de todo o Festival?

2º Se "a crítica vai arrasar o concerto de Cincotti", não será remar contra uma maré que apenas leva para a praia o que a maioria das pessoas quer ver e ouvir?

3º Será que as pessoas (não todas como é óbvio) que se dirigiram a Palmela no domingo (refiro-me apenas áquelas que não foram nos dias anteriores nem irão nos próximos) foram com a convicção de irem a um concerto de Jazz? Será que distinguem nas suas preferências o Jazz de outras correntes aparentadas?

4º Qual terá sido o critério para trazer Cincotti ao Estoril Jazz: a sua música ou as audiências que eventualmente traria consigo?

Atenção, isto não são críticas a ninguém. São apenas interrogações que tenho na realidade e que o gosto pelo Jazz me levam a tentar refletir sobre elas.

Já agora lanço o desafio: porque não publicar neste espaço, no final do Estoril Jazz, a visão do seu produtor, o Sr. Duarte Mendonça, para que possamos ter uma opinião a partir de dentro da própria organização, sobre as suas mais diversas facetas. Seria bastante interessante.

 
At terça jul. 05, 09:51:00 da manhã 2005, Anonymous Anónimo said...

Isto de dar opiniões não é de todo uma coisa que eu faça habitualmente na net, mas como o assunto é Jazz, aqui vai:
1- O Peter Cincotti encheu o recinto.
2- O Peter Cincotti passa na Rádio e nas televisões nacionais.
3- É bom: não estamos a falar de um músico de feira: há é melhores, e há melhores comunicadores em palco.
4- A miudagem gosta, e estou convencido que muitos desenvolverão um gosto pelo Jazz a partir dele, da Diana Krall, da Lisa Ekdhal.
5- A assistência aplaudiu entusiasticamente, e conhecia núsicas do primeiro e segundo CD's.
6- e vibrou com os solos mais "swingantes".
7- e ficou desiludida com a curta duração do espectáculo.
Julgo que a escolha da organização em trazer o Cincotti foi acertadíssima, para bem do Jazz no país das Ágatas e outras(os) que enchem espectáculos por todo o lado durante o Verão.

 
At terça jul. 05, 11:40:00 da manhã 2005, Anonymous Anónimo said...

Só queria responder à 2ª questão com um exemplo de fácil compreensão: não é por metade do país seguir assiduamente a "quinta das celebridades" que invalida que esse programa seja uma M****.

 
At terça jul. 05, 12:29:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Horácio, concordo em absoluto, mas quando um canal de televisão passa Peter Cincotti como que a intervalar dúzias de novelas e "Quintas" é um oásis de bom gosto. Eu não sou fã do Cincotti, mas sigo com alguma curiosidade o seu percurso: manias... AGORA, MUITA ATENÇÃO!!!! O John Pizzarelli acabou de gravar um disco com a Clayton/Hamilton J.O., em Los Angeles, músicas do Sinatra, arranjos do John Clayton. Sai em 2006, ao que parece.

 
At terça jul. 05, 02:17:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Tinha uma professora de história no liceu que dizia: não é por a maioria das pessoas pensar algo que esse algo está correcto...

Quero com isto dizer que o facto de as pessoas terem gostado e terem enchido o Parque Palmela não é argumento suficiente para dizer que o concerto foi bom. Aliás, grande parte da música que mais vende é precisamente a que tem menor qualidade.

Aliás, o próprio produtor do Estoril Jazz já manifestou publicamente o seu desagrado com o concerto, isto apesar do sucesso de bilheteira. Uma coisa são contas, outra coisa é qualidade artística.

Agora, creio que o concerto do Cincotti teve várias mais valias. A saber:

1 - Trouxe ao Estoril Jazz novos públicos que de outra
forma nunca lá iriam...

2 - A plateia rejuvenesceu...

3 - As pessoas fora do jazz gostaram e se calhar vão ter vontade de ir a outros concertos para o ano que vem...

Por outro lado, tal como sucede com outros festivais, o Estoril Jazz também tem de se abrir ao cool jazz sob pena de ver os patrocínios reduzidos por
falta de audiência. Compare-se o público de Houston Person com o de
Cincotti. Se as pessoas querem continuar a ouvir jazz a sério têm
porventura de se fazer concessões ao jazz que tem público. Ou então
arranja-se um mecenas que pague a arte pela arte... talvez em Marte.
Isto acontece um pouco por toda a Europa e não é Portugal que vai
conseguir ser excepção por muito mais tempo.

 
At terça jul. 05, 02:19:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Quanto à duração do concerto, foi a mesma que o Cincotti realizou em Montreux, já que o alinhamento das canções foi exactamente igual e no
documento que ele tinha em palco estava bem escrito "Festival de Jazz de Montreux".

 

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