22 de dezembro de 2005

O verdadeiro debate!


JNPDI! revela em exclusivo o que as televisões não mostraram do debate Soares-Cavaco, quando ambos se envolveram numa troca de galhardetes sobre o jazz...

Mário Soares: O Dr. Cavaco, que é um razoável melómano, tenho de reconhecer, razoável porque não é nenhum laureado, não é!, pensa que pode resolver como Presidente todos os problemas do jazz em Portugal. Ora eu não posso deixar que o país e os portugueses sejam enganados.

Cavaco Silva: Ah... [arreganha os dentes e toma notas]

Mário Soares: O xôr quando foi primeiro-ministro não resolveu e vem agora dizer que se for Presidente resolve. Ora, o Presidente não decide a música, apenas modera; o Presidente não nomeia músicos, isso é competência do primeiro-ministro. Portanto, o Dr. Cavaco Silva que explique como é que pretende resolver os problemas do jazz em Portugal? Que explique...

Cavaco Silva: Bem... eu acho que o Presidente da República pode contribuir mostrando os c-a-s-o-s de s-u-c-e-s-s-o, os c-a-s-o-s de s-u-c-e-s-s-o.

Mário Soares: Mas quais casos de sucesso? O xôr preferiu gastar o dinheiro a fazer o CCB do que a formar músicos e público!

Cavaco Silva: Ah... bem... os senhores jornalistas vêem que este senhor só quer falar do passado? Eu quero ajudá-lo a terminar este debate com dignidade. Ah? e eu gostava muito de saber que ideias tem o Dr. Mário Soares para o jazz em Portugal.

Mário Soares: Eu digo-lhe, Dr. Cavaco Silva. A ideia da Democracia, que cada pessoa possa ouvir o jazz de que mais gostar e, se quiser, nem ouça jazz, ouça outra coisa qualquer. A ideia de diálogo entre as várias cliques do jazz, desde a vanguarda ao mainstream. É preciso harmonizar estes vários grupos desavindos.

Cavaco Silva: Mas eu sou uma pessoa de d-i-á-l-o-g-o! Eu sou uma pessoa de d-i-á-l-o-g-o! Eu dialoguei com...

Mário Soares: Por isso é que os parceiros com quem o xôr dialogava vinham ao Palácio de Belém fazer-me queixa de si! O xôr dialogou, realmente, com as pessoas do bloqueio da ponte, que foram corridas a tiro; dialogou com os polícias, que foram corridos à mangueirada. Dialogou com os estudantes, que foram apelidados de "geração rasca" pela sua Ministra da Educação e, que eu saiba, o xôr nunca desmentiu.

Cavaco Silva: Ah... ah... [procura ansiosamente localizar no estúdio o seu assessor de imprensa, aquele que normalmente lhe diz "não coma, professor!]

Mário Soares: A verdade é que ele não sabe dialogar, não sabe! E também não sabe de jazz. Sabe de música, mas não lê sobre jazz. Não é um homem da cultura.

Cavaco Silva: Ah... ah...

Mário Soares: O Dr. Cavaco Silva não tem perfil. É uma pessoa que só gosta de um determinado tipo de jazz. Bem, não vou dizer que não é um democrata, penso que é. Mas é sectário.

Cavaco Silva: Ah... eu sou independente. A minha c-a-n-d-i-d-a-t-u-r-a é independente. Eu não sou apoiado por nenhum clube de jazz.

Mário Soares: O xôr de tanto dizer isso até já acredita nisso! É notável... E o Dr. Cavaco Silva também nunca mais sequer assistiu a um concerto de jazz depois de ter deixado de reger a orquestra em 1995. Onde esteve ele até hoje? Que andou a ouvir? Que fez pelo jazz? Escreveu dois ou três artigos...

Cavaco Silva: Bem... sabe... é que eu acho que é preciso um certo a-f-a-s-t-a-m-e-n-t-o para ganhar capacidade crítica...

Mário Soares: Ele não sabe, não sabe. Esteve fora, afastou-se e agora quer apanhar a música a meio como se nada fosse. É como sair no tempo do dixieland e voltar depois no be bop como se nada se tivesse passado!

3 Comments:

At quinta dez. 22, 05:45:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Mas quem escreveu esta divertida peça humorística?. Também se não fosse com humor, quem é que aguentaria esta inflação de debates ou lá o que é?.
Parabéns e continue a animar este blogue que ás vezes anda um bocadinho parado. Bom Natal, sempre com muito jazz.

 
At quinta dez. 22, 11:22:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Pois, a peça humorística é mesmo da autoria aqui do JNPDI.

São coisas que saem sem se saber vindas de onde.

Bom Natal!

 
At quinta dez. 29, 12:24:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

O Soares tem ouvidos de pedra, o que transforma este debate numa autêntica peça de ficção. Quem inventou o termo "geração rasca" foi Vicente Jorge Silva, antigo director do Público, num editorial que ficou para a história. De resto, viva o jazz!

JMS

 

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