Oscar Peterson Concert Hall
No Canadá, de onde Oscar Peterson é natural, existe um importante centro de espectáculos a que foi dado o seu nome, o Oscar Peterson Concert Hall.
Com capacidade para 570 pessoas, foi inaugurado em 1989 e dez anos depois baptizado com o nome deste genial pianista, localizando-se na cidade de Montreal no campus da Concordia University.
E depois, perguntam os leitores de JNPDI!? Afinal esta notícia não tem propriamente actualidade...
Bem, esta história serve para introduzirmos mais uma vez a questão Luís Villas-Boas. Por que razão um homem que fez tanto pelo jazz e pela música portuguesa não foi até hoje merecedor de uma homenagem à altura da sua importância?
JNPDI! tem um sonho... O sonho de ver em Cascais um museu do jazz com o seu nome, associado a um Parque com estátuas dos jazzmen mais importantes que Villas-Boas trouxe até nós, desde Armstrong, passando por Miles Davis até Stan Getz. Um parque onde se possa ouvir música gravada junto das referidas estátuas/esculturas/instalações, como existe noutros recintos logo aqui ao virar da esquina em Espanha (Parque Warner Bros, por exemplo), e música ao vivo tocada por jazzmen portugueses. Um parque para as novas gerações tomarem contacto com este idioma musical de expressão universal que foi uma das vozes contra a segregação racial e um embaixador da liberdade.
Cascais faz todo o sentido já que foi aí que nasceu, em 1971, o primeiro grande festival de jazz realizado em Portugal. Comemoram-se precisamente para o ano 35 anos sobre esta data e JNPDI! já está a trabalhar para a assinalar aqui e não só.
É o melhor que podemos fazer pela memória de um Homem que infelizmente parece ter sido esquecido pelas autoridades da cultura deste País...
Voltaremos a este assunto em Outubro, para assinalar uma data histórica na vida de Luís Villas-Boas e na história do jazz em Portugal.
3 Comments:
A sua paixão pelo Jazz deve trazer-lhe muitas alegrias, mas também grandes desilusões. Penso mesmo que escolheu mal a paixão (ou teve azar, diz-se que uma paixão não se escolhe). A sua ideia do Museu ´do Jazz já é atrevida, e então a do parque ainda mais. Gostasse o meu amigo de música pimba e pseudo folclórica portuguesa e já tinha apoio para um parque temático, com as estátuas a debitar "e nós pimba" ou "o bacalhau quer alho". Era um sucesso, pelo menos até que a manutenção inexistente transformasse essas alegres canções em uivos sem sentido: aí, os visitantes, com receio de fantasmas ou coisa do género, deixariam de lá ir: e seria um passo até que ao abandono total.
Para o animar; lembra-se daquela "discussão" sobre o Cincotti? Actuou em Valência dias depois do Estoril Jazz: 1ª parte, Peter Cincotti. 2ª parte John Pizzarelli.
Preço dos bilhetes: zero Euros.
Muitos dos grandes nomes do Jazz americano tocaram nos dias seguintes em Valência: os preços foram sempre moderados. Um parque da Warner Bros em Espanha não surpreende, principalmente se pensarmos que, por todas as razões, o mercado da Warner em Espanha não há-de ser pequeno. É assim...somos poucos, a gostar de Jazz ainda menos: nunca lhe aconteceu confessar que gosta de Jazz e olharem-no como que a dizer "coitado.."? a mim já: mas na verdade, estou-me nas tintas.
Pois é meu carto amigo, mas como diz e bem, as paixões não se escolhem, elas é que nos escolhem.
;)
De qualquer forma penso que o maior obstáculo à concretização de algo diferente neste país não é o dinheiro ou a falta de apoio, mas essencialmente a escassez de ideias e de pessoas que as vivam apaixonadamente e com espírito de missão. Naturalmente que há limites para a missão porque ninguém vive do ar ou de paixões, mas com um pouco de savoir-faire e com muita paixão quem sabe se não conseguiremos alguns resultados.
Este livro dos 30 anos do jazz, por exemplo, teve de enfrentar várias resistências e obstáculos (desde começar com orçamento zero...), mas cá está ele, pronto a ser editado. Creio que dificilmente se fará proximamente algo do género entre nós, sobretudo porque é difícil reunir as boas vontades necessárias para evitar os custos astronómicos que tal trabalho acarreta. Ele viveu de muita carolice, generosidade e vontade de fazer algo que perdure por parte de todos que neles colaboraram, desde quem disponibilizou as imagens, até quem as digitalizou, paginou, reviu provas e, claro, de quem o idealizou e escreveu.
Que pena é não haver, por exemplo, um livro para comemorar os 20 anos do Jazz em Agosto, que se cumpriram em 2004. Terá sido falta de dinheiro? Talvez, mas eu aposto mais em que simplesmente ninguém se lembrou disso...
Tudo isto para dizer que não desisto da ideia do museu e do parque e que tentarei ser um agente para que as vontades necessárias se mobilizem para tal projecto. Para a semana começo a fazer os primeiros contactos para este projecto e para outros de que aqui falarei em breve.
Bem, quanto a gostar de jazz é curioso porque durante mais de 10 anos nunca nenhum amigo percebeu essa minha paixão ou quis sequer aproveitar as borlas que eu lhes oferecia para concertos de músicos como Marsalis ou B.B. King. Um dia lá consegui arrastar um para ir comigo ao Coliseu ver justamente o B.B King e, claro, adorou... Foi aí que percebi que existe nas pessoas uma resistência cultural/mental ao que é novo e desconhecido, um mecanismo que em vez de suscitar a curiosidade antes pelo contrário impele na direcção do sofá e da televisão.
Tou, por isso, habituado a ser o "coitado" que gosta dessa coisa que é o jazz. Ah... mas tive a minha vingança! Em 1997 peguei em dois amigos com quem viajava pelos EUA e enfiei-os no Village Vanguard a ouvir o Cecil Taylor, que tocou mais o piano com os cotovelos do que com as mãos. Nunca me "perdoaram"...
Quanto à questão Cincotti e Valência: em Espanha há a tradição de as câmaras ou os governos regionais oferecerem à população espectáculos de qualidade, tal como por vezes a Câmara Municipal de Lisboa faz no auditório Keil do Amaral.
Humor negro, et pour cause, a quanto levas...
Sugiro que ponha a ideia no blog do tio Isaltino.
Afinal ele já fez o Parque dos Poetas. Lindo de ver e sentir. E, pelo que vou perguntando, muito poucos conhecem ou dizem estar interessados em conhecer...
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