25 de agosto de 2005

Miles Davis merecia melhor...

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É uma grande desilusão o CD de hoje do Let's Jazz em Público, dedicado a Miles Davis e à sua música.

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Como esta colecção só colabora com as editoras Universal e Blue Note e os melhores trabalhos de Miles Davis foram gravados para a Prestige/OJC e a Columbia... o disco que acompanha o livro pára nos anos 50 e depois dá um tremendo salto para os anos 90, sem que se explique aos leitores porquê. (era o mínimo!)

De fora ficam o primeiro quinteto de Miles, discos como Kind of Blue, as gravações essenciais com Gil Evans, o segundo quinteto, com Shorter, Hancock, Carter e Williams e toda a passagem para o jazzrock. E mesmo do período do bebop não está o solo essencial de Miles em "Now's the Time", ao lado de Charlie Parker, o tal que Red Garland toca nota-por-nota no disco Milestones.

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Ou seja, quem percebe pouco de jazz - ou está a querer perceber mais ou o essencial através desta colecção - fica com uma ideia super redutora desse génio que foi Miles Davis e não visualiza minimamente o seu impacto no jazz e na música improvisada. É como explicar Picasso sem Guernica.

O que salva a edição é o texto curto, mas super esclarecedor do João Moreira, que tão bem sintetiza no final a singularidade de Miles Davis:

Miles Davis toca a essência da música quando o normal para um músico é tocar a música

Miles merecia bem melhor e nestas condições seria preferível que não se fizesse este enfoque específico no trompetista ou que, pelo menos, se explicasse tudo o que lá falta que é mesmo praticamente tudo. Depois há analepses e prolepses no que toca à apresentação das capas dos discos, com Doo-Bop (de 1991) a surgir no meio de discos dos anos 50, por exemplo.

Não se percebem francamente os critérios e é pena porque esta colecção tem qualidade, é excelente para divulgar o jazz a um público mais vasto e podia mesmo, se não tivesse estas pechas que já inquinaram outros números anteriores, ser exportada por exemplo para Espanha, já que de lá também recebemos vários dos coleccionáveis que abundam na nossa imprensa.

Enfim, o problema das colecções é que depois de iniciadas não se podem/devem interromper, pelo que lá tive de comprar o dito CD...

3 Comments:

At quinta ago. 25, 03:40:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

caro joão,

visito o seu blog diariamente e tenho curiosidade de saber quantas mais pessoas o fazem.
já pensou em colocar um counter visível?
é que tenho a sensação que, apesar de nem todos comentarem, muitos são os que por cá passam para se manterem informados.
De qualquer forma, fica a sugestão.
um abraço.

HUGO

 
At quinta ago. 25, 03:45:00 da tarde 2005, Blogger JMS said...

Ora viva,

O counter está visível no pé de página do blog, mas agradeço ainda assim a sugestão porque denota interesse e motivação da sua parte para melhorar este blog, o que me deixa contente.

Neste momento o número total de visitas desde que JNPDI! foi criado, em 11 de Setembro de 2003, vai em 46 600 (números redondos), com uma média de 2000 acessos mensais.

 
At terça set. 20, 08:07:00 da tarde 2005, Anonymous Anónimo said...

Como membro da equipa do "Let's Jazz", fico triste com estes comentários, pois sei o esforço por parte de todos para dar o melhor a este projecto. Existem contigências (várias!) ao realizar uma colecção ambiciosa como esta. A vários níveis:
1- as parcerias com a Universal e a Emi propiciam labels como Verve e Blue Note, entre outras, mas outras há que ficam de fora. Seria tarefa impossível fazer uma colecção tão abrangente, obtendo a totalidade das faixas que o Zé Duarte considera importantes.
2- ao nível da imagem (a minha área), também existem limitações, mas temos procurado muito e temos descoberto coisas fantásticas, que tento alinhavar da forma mais coerente que encontro (relação visual entre imagens e relação de conteúdo das imagens com o texto). Tento contribuir para ao swing da colecção - nem tudo precisa de estar disposto de forma cronológica, pode ser um pouco mais livre.
3- os textos: os textos do Z.D são mesmo assim, como os seus 5 minutos de jazz, para ler/ouvir de um fôlego só. E alguns são geniais. Os textos são evidentemente revistos, mas em textos de autor, respeita-se a intenção. Quanto aos textos dos músicos, todos são óptimos músicos mas, nem todos são ótimos escritores, nem têm obrigação disso. Alguns fizeram uns textos mais académicos, outros mais pessoais, outros mais poéticos...
No conjunto, acho que a colecção é inédita, é um trabalho original e que se irá tornar uma referência. Apesar de tudo ainda bem que se fala nela.

 

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