8 de julho de 2005

Charlie Parker homenageado hoje no Estoril Jazz

output_efile.aspx?sid=eff65342-40fc-44e9-a459-ec5709b3439a&cntx=iBFwUaVuw4i7%2F4U4jJI68uMarIOlOrgT1I6vE0GC4DKPfZ3HswNAbuaK9smuIjGKUcUTig19SHlDp0j5qkwAHw%3D%3D&idf=190

O concerto de hoje à noite do Estoril Jazz é a todos os títulos imperdível.

Primeiro, porque é homenageado um dos maiores nomes do jazz, o saxofonista Charlie Parker, falecido há precisamente 50 anos.

Segundo, porque os músicos que integram esta Charlie Parker Legacy Band são do melhor que há. A começar na secção rítmica, onde militam Jimmy cobb (músico que acompanhou Miles Davis em vários registos, nomeadamente o célebre Kind of Blue, e que juntamente com Paul Chambers e Wynton Kelly formou uma das melhores secções rítimicas da história do jazz...), Ray Drummond e Ronnie Mathews.

Terceiro, porque o swing é inevitável!

Quarto, porque este concerto é provavelmente irrepetível.


Celebrating Bird! The Charlie Parker Legacy Band

Charlie Parker morreu há 50 anos, em Nova Iorque, ainda a tempo de mudar para sempre o jazz, ajudando a criar nos anos 40 o estilo que ficaria conhecido por bebop e que ainda hoje é a base de todo o jazz. Parker inovou não só no saxofone-alto como também a nível harmónico e rítmico, rompendo com os cânones do swing, corrente do jazz que reinava desde meados dos anos 30. Para celebrar o seu legado, foi constituída este ano a Charlie Parker Legacy Band, composta por três saxofones-alto e por uma secção rítimica de excepção, com Ronnie Mathews, Ray Drummond e Jimmy Cobb.

Wess Anderson

Filho de um baterista de jazz, Wess "Warmdaddy" Anderson cresceu em Nova Iorque e aos 12 anos começou a tocar piano, instrumento que trocaria dois anos depois pelo saxofone-alto. Estudou nos workshops Jazzmobile, no Harlem, onde viria a conhecer Wynton e Branford Marsalis. Por sugestão deste último, dirigiu-se para Los Angels para estudar com o clarinetista Alvin Batiste. No final dos anos 80, Wynton Marsalis convidou-o a integrar o seu septeto e com o fim deste grupo Anderson transitou para o novo projecto do trompetista, a Lincoln Center Jazz Orchestra, na qual se mantém até ao presente. O seu som é visto como uma combinação do jazz tradicional de Nova Orleães com os blues, sendo comparado a Julian Cannonball Adderley. Em 1994, gravou o seu primeiro registo a solo, Warmdaddy in the Garden of Swing, e entre 2000 e 2002 ensinou no Juilliard Institute for Jazz Studies

Vincent Herring

Vicent Herring é um saxofonista-alto de excepção que no ano passado esteve no Estoril Jazz, inserido no JAPP, e não deixou o público indiferente ao seu talento. Nascido no Kentucky, em 1964, cresceu na Califórnia, mudando-se para Nova Iorque em 1982. E muito embora inicialmente ganhasse a vida como músico de rua, o seu talento acabaria por o levar a tocar com alguns dos grandes nomes do jazz, desde Lionel Hampton a David Murray, Horace Silver e Art Blakey. Em 1987, integrou o quinteto de Nat Adderley, no qual permaneceu até 1993, e o seu som cheio e eivado do espírito dos blues levou-o a ser visto como um género de reencarnação de Cannonball Adderley, isto apesar de as suas raízes musicais estarem também assentes em Parker, Coltrane e Ornette Coleman. Vincent Herring começou a gravar em seu próprio nome a partir de 1986, tendo vindo a liderar os seus grupos a partir dos anos 90.

Jesse Davis

Jesse Davis estudou com Ellis Marsalis, o que equivale a dizer que aprendeu com os melhores, pelo que não é de estranhar que seja um dos músicos mais respeitados em Nova Orleães, cidade onde nasceu em 1965. A aprendizagem do saxofone teve início aos 11 anos, quando o seu irmão lhe ofereceu o primeiro instrumento. Muito embora o grande sonho do jovem Davis estivesse então no futebol, uma lesão acabou por o afastar dos relvados e uma providencial bolsa de estudo encaminhou-o para estudar música na Northeastern Illinois University. Em 1989, recebeu o prémio de músico revelação num festival realizado pela revista Down Beat.

A partir de 1991, começou a gravar com o seu próprio quarteto, com o qual realizou uma intensa digressão europeia entre 1993 e 1995, e continuou a tocar com músicos como Jack McDuff, Major Holley, Illinois Jacquet, Chico Hamilton, Junior Mance, Kenny Barron, Cedar Walton, Nicholas Payton, Cecil Payne e Roy Hargrove. Em 1996, integrou o grupo Sax Machine, com Phil Woods, Charles McPherson e Gary Bartz, e participou no filme Kansas City, de Robert Altman.

Ronnie Mathews

Ronnie Mathews é um pianista de toque modernista e que ao longo da sua carreira teve a oportunidade de tocar com alguns dos melhores músicos de jazz. Entre estes contam-se Kenny Dorham, Roy Haynes, Max Roach (1963-1968), Freddie Hubbard, Clark Terry, Louis Hayes, Dexter Gordon (1976) e Johnny Griffin. De 1968 a 1969 e em 1975, Matthews ingressou na verdadeira ?universidade do jazz? que foram os Jazz Messengers de Art Blakey. Discograficamente, lançou o seu primeiro disco em 1963, na editora Prestige, seguindo-se vários registos para a East Wind, Bee Hive, Red, DIW e Sackville, onde se destaca At Café des Copains (1989).

Ray Drummond

O contrabaixo de Ray ?Bulldog? Drummond é um dos mais solicitados pelo que não é de estranhar que se faça ouvir em mais de 300 CD gravados com jazzmen como Art Farmer, David Murray, Houston Person, Stan Getz, Kenny Burrell, Kevin Mahogany, Toots Thielemans, Benny Golson e Ray Bryant. Drummond tem, paralelamente, liderado os seus próprios grupos, concretamente três projectos diferentes: Excursion, com David Sanchez, Craig Handy, Stephen Scott, Mor Thiam e Billy Hart; um quarteto com Hart, Handy e Stephen Scott e o duo One On One, com Bill Mays. É ainda co-líder dos Drummonds, com o seu irmão Billy e a pianista Renee Rosnes.

Jimmy Cobb

Jimmy Cobb dispensa apresentações, ele que tem em Kind Of Blue o seu principal cartão de visita. Nascido em Washington, em 1929, aprendeu a tocar bateria principalmente como autodidacta e iniciou-se profissionalmente acompanhando músicos como Charlie Rouse, Frank Wess, Billie Holiday e Pearl Bailey. No início dos anos 50, rumou a Nova Iorque e juntou-se a Earl Bostic, com o qual gravou os seus primeiros discos. Durante três anos acompanhou Dinah Washington, então sua mulher, integrando posteriormente o grupo de Cannonball Adderley, músico que Cobb viria a seguir para o sexteto de Miles Davis, aí permanecendo até 1963 e participando em alguns dos mais importantes e históricos registos deste trompetista. Nos anos 60, foi companheiro regular do pianista Wynton Kelly e do contrabaixista Paul Chambers, tocando e gravando com Wes Montgomery, J. J. Johnson e Kenny Burrell. No início dos anos 70, acompanhou Sarah Vaughan e deu início a uma longa colaboração com Nat Adderley, músico com o qual actuou no Estoril Jazz há precisamente 10 anos.


Site Meter Powered by Blogger