5 de janeiro de 2005

A propósito do polvo e da postura de JNPDI!


Mais um poema tirado do blog "A Voz da Alma":


A puta da verdade

A puta da verdade é fodida,
É sempre (para eles) uma trama urdida

É uma cabra cega que marra
Sem olhar a quem

É a cama que denuncia ao amanhecer
Quem nela de noite se deleitou em prazer

É uma égua parida por esses filhos de uma puta
Que são os guardiões da ética

A puta da verdade é fodida,
Mais ainda do que fode quem a fode

É mentirosa quando inconveniente e deliciosa quando conivente,
É a mancha indesejada no curriculum habilmente imaculado do político

Anda depressa de boca em boca,
Vai com tudo e com todos

É uma esquina incontornável na reta da virtude não recta
É a concavidade que abala a meia mentira

A puta da verdade, de tão fodida,
Só tem interesse em teoria e em abstracto

É um valor que se ergue em estandarte
Como a carpete que se estende para receber o traidor

É uma figura de estilo na retórica dos discursos
Que promovem políticos no supermercado da opinião pública

É, em princípio, para cumprir, excepto quando tiver de se cumprir,
E é, de tão violada, tão mentirosa quanto a mentira genuína?

Na realidade não é a puta da verdade que é fodida,
Mas sim a vida dos que dependem dos que vivem de viver sem ela (e a deles também)


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