30 de dezembro de 2004

Acabar o ano em grande!

Do nosso blog associado, «A Voz da Alma», transcrevemos um poema que reflecte bem o estado de espírito da Nação, o qual subscrevemos na íntegra.

A Poesia é a Voz da Alma

A poesia é a voz da alma,
O grito mudo que ninguém pode calar,
A tristeza que só ela sabe exprimir,
A alegria que não se pode esconder

A poesia é a voz da alma (também que pensa),
E quando a alma vai magoada, as palavras todas gritam
E quando a alma vai enraivecida, as palavras são cravos
Que se cravam bem fundo no fundo ferido da ferida

A poesia é a voz da alma,
A revolução das letras contra as tretas
A revolução dos cépticos e dos ascetas
A voz de quem sente

A poesia é a voz da alma
E quando a alma sofre pelo sofrimento colectivo, as palavras rangem
E quando a alma sente a dor da gente que finge, as palavram exigem
E o poeta já não é um fingidor

A poesia é a voz da alma,
Esta voz doída de ser português
Esta voz moída de ser cidadão feito freguês e burguês
A voz lenta da razão...

E quando o poeta tem razão as palavras falam mais alto
E o artista desce do pedestal à rua,
As palavras andam à solta e sem trela,
Fogem-lhe da página como o tom que se escapa de uma tela

Sobem e descem ruas e calçadas,
Vão sãs e determinadas acordar cada português dormente no seu cantinho,
Marcham em cartazes à frente do povo que as leva a São Bento,
Beijam e mordem, lambem e ferem até que as dêem como odiadas

Ah!, a poesia é a voz da alma,
O grito contra este fingir ser português
Que fala, vota e diz sem saber os quês e os porquês,
O arrepio presente do futuro que se pressente

E por isso eu escrevo
E por isso eu grito
E por isso eu insisto
E por isso, talvez, eu existo

A poesia é a voz da alma que não se conforma,
O sussurro lento e secular contra os falsos patriotas
Que de persistente se faz clamor popular
E assusta os merdas e os agiotas

E por isso eu escrevo e escreverei
E por isso eu grito e gritarei
E por isso eu insisto e insistirei
E por isso, talvez, eu existo

Deixem-me sair para a rua
Sem açaime nem mordaça
Que eu quero a verdade nua,
Essa verdade que escorraça os hipócritas

Ponham-me no Rossio,
Bem alto e junto da populaça
Para que eu grite que o rei vai nu
E o reino ainda mais despido

Chamem-me artista, poeta mesmo ou até anti-nacionalista
Porque enquanto eu tiver voz e dom na escrita
Hei-de mostrar que não é Portugal nem quem o critica que é pequeno
Mas sim os que o engrandecendo em prosa o diminuem em futuro!

«JNPDI!» deseja um excelente 2005 a todos os Portugueses, especialmente aos seus leitores, de preferência com muito swing!

3 Comments:

At sexta ago. 04, 04:49:00 da manhã 2006, Anonymous Anónimo said...

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