13 de janeiro de 2005

Jazzmen e superstições

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Recordo-me frequentemente de uma cena que teve lugar no coliseu, corria o ano de 1992.

No âmbito de um festival de jazz promovido pela Câmara Municipal de Lisboa (quando a CML ainda nos dava jazz e não apenas música...) estava agendada a actuação de uma cantora de Blues, cujo nome o tempo apagou infelizmente da minha memória.

Como membro da Direcção do Hot Clube de Portugal e uma vez que a respectiva Big Band também actuava neste festival, foi-me atribuido um cartão de livre trânsito, pelo que pude deambular livremente pelos bastidores (onde encontrei Harry Sweets Edison a dormir no topo da caixa de um amplificador de PA) e assistir aos ensaios.

Foi então que tive a oportunidade de assistir à superstição da referida cantora de Blues, que quando regressou ao Hotel, após o sound-check, desceu a escadaria principal de costas e de joelhos. Segundo ela, era a garantia de que voltaria um dia a cantar naquele local.

Creio que ainda não voltou...

Bem, tudo isto para introduzir o tema deste post, que tem a ver com superstições dos jazzmen. Infelizmente a pesquisa que fiz não deu grandes frutos, mas conto com os leitores deste blog para darem as suas achegas.

Eis o que apurei:

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Duke Ellington, conhecido por colocar especial cuidado na sua indumentária, recusava-se a utilizar fatos castanhos.

De acordo com Michael James, sobrinho de Ellington, "He stopped wearing brown suits because he had a brown suit on the day his mother died. So he never wore a brown suit again. You would never see him in a brown suit".

Mas esta não era a única superstição de Duke Ellington, conforme atestou o seu filho, Mercer Ellington:

"Pop had many superstitions, and one of them was never to finish writing a piece until the day of its initial performance".


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Louis Armstrong revelou a sua superstição quando passou por Portugal. O trompetista tinha herdado da mãe a ideia de que, para manter a saúde, tudo o que comia num dia tinha de deixar o corpo nesse mesmo dia e portanto não viajava sem um purgante. Quando esteve em Portugal, na falta do seu stock, foi Villas-Boas que lhe "desenrascou" um laxante português. Armstrong agradeceu quando chegou aos EUA, enviando a Villas-Boas uma foto sua em que aparecia sentado numa retrete, visto pelo buraco de uma fechadura. Esta fotografia fazia parte do anúncio a um... laxante!


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