25 de abril de 2004

Art Blakey e o 25 de Abril

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Art Blakey parece ter uma qualquer ligação ‘transcendental’ com o advento da Democracia em Portugal.

Em 1974, em Abril, apenas 20 dias antes da viragem política, Art Blakey e os Jazz Messengers apresentaram-se no Cinema Monumental com Carter Jefferson, Stafford James, Cedric Lawson e Olu Dara. Traria ele e os seus mensageiros a mensagem do sonho americano e da liberdade para os portugueses?

Em 24 e 25 de Abril de 1979, encontramos Art Blakey e os Jazz Messengers a tocar em pleno centro político de Portugal, a Praça do Comércio, a comemorar o quinto aniversário da revolução... Estariam ele e a organização a passar aos portugueses a mensagem de que o jazz era a música do novo regime porque é a música da liberdade criadora?

Estes dois concertos são, pois, de certa forma históricos, não só pelo momento político em que tiveram lugar, mas também pela qualidade dos músicos e, particularmente por o segundo concerto destes ter ocorrido no coração do poder político do país, facto certamente só possível no pós 25 de Abril. Sobre ele escreveu a imprensa na época: «No palco ao ar livre, à beira-Tejo, o grupo «Jazz Messengers», de Art Blakey, levou o público jovem ao rubro».

Se hoje nas comemorações do 30.º aniversário do 25 de Abril houve fado com a cantora Mariza, já há 25 anos houve jazz com Art Blakey, jazz a linguagem da liberdade e da democracia em que todos podem improvisar, jazz a música do intérprete.

Já agora, apresento um disco gravado pelos Jazz Messengers em 1964, 10 anos antes do 25 de Abril, que tão bem casa com esta revolução.


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NOTA: Enquanto escrevo este post Francisco Louçã discursa na A.R. Não sou nem nunca fui do Bloco de Esquerda ou de qualquer outro partido político, tão só da Democracia e da justiça, mas tenho de reconhecer que o discurso dele está a ser simplesmente brilhante! «Portugal não é um país, é um sítio da justiça privada, das prisões privadas, dos hospitais privados, da água privada, do futebol» etc...

Quem souber, que leia nas entrelinhas, como se fazia no tempo da censura.


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