5 de junho de 2007

Roteiro do Jazz na Lisboa dos anos 20/50

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Foi um sucesso a 2.ª edição do Roteiro do Jazz, através do qual se fez a história possível de 25 locais por onde passou o Jazz entre os anos 20 e 50, muitos dos quais surpreenderam os participantes pelas suas estórias e glórias.

Fruto da investigação que vimos desenvolvendo desde 2003 sobre a história do Jazz em Portugal, foi possível trazer o passado para o presente - embora com os limites da escassa documentação existente em alguns casos - proporcionando ao grupo reunido o acesso a informação inédita sobre músicos e bandas que passaram por Lisboa, clubes, jam-sessions, etc.

Para o sucesso desta iniciativa muito contribuíram a ampla divulgação feita pela rádio e imprensa e, sobretudo, a participação dos convidados Paulo Gil, Maria Viana e António José de Barros Veloso, que no fim do Roteiro improvisaram uma jam-session.

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Uma das paragens do Roteiro foi na loja onde Josephine Baker comprou flores quando da sua primeira passagem por Lisboa, em 1939. Paulo Gil, uma verdadeira alma deste 2.º Roteiro, conhecia a senhora da loja, que desconhecia que a vedeta negra tinha passado por ali, facto que passou a conhecer depois de Paulo Gil a chamar a saber o que o guia do Roteiro tinha para fazer saber... Ufff!

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"Sabe quem é a Josephine Baker?" - pergunta Paulo Gil. "Mas não sabe que ela comprou aqui flores..."

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"Venha cá fora que este senhor diz-lhe!"

O ponto alto do Roteiro foi a explicação de Paulo Gil sobre a mítica loja da Valentim de Carvalho, na Rua Nova do Almada, onde trabalhou entre 1970 e 1984, e que o incêndio do Chiado destruiu por completo. Para além de toda a política editorial, ficámos a saber que o cofre desta loja derreteu (Paulo Gil conserva uma peça metálica) a cerca de 2800 graus centígrados, tal foi a temperatura que se registou durante o referido sinistro.

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Antes de rumar à actual sede do Hot Clube de Portugal, paragem obrigatória junto ao edifício que em Janeiro de 1951 albergou a primeira sede desta verdadeira instituição da cultura em Portugal, inicialmente no 5.º andar e posteriormente na cave (onde hoje se encontra o Fontória).

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Cinco horas depois do início, eis finalmente o Hot Clube de Portugal - não sem antes visitar inesperadamente a Tertúlia Festa Brava, paredes meias com o Hot, onde em 1956 Villas-Boas ofereceu jantarada a Count Basie - e António José de Barros Veloso, que explicou o seu percurso no Jazz e o dos músicos da sua geração e seguintes.

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Tempo ainda para ouvir Luís Hilário sobre os muitos anos que leva a gerir o n.º 39 da Praça da Alegria e conhecer as tristezas de quem se debate com a bur(r)ocracia que leva, por exemplo, um fiscal a multar o Hot porque em vez de numa noite se fazer uma jam-session, como estava indicado no cartaz, se encontrar antes a actuar uma cantora... Ainda sugerimos, mas já fora de tempo útil... que se tivesse dito ao dito fiscal, que de Jazz nada devia saber, que o Sr. Jam Session não tinha podido vir... que tinha ficado retido nos EUA... e que em sua substituição actuava, à última hora, a referida cantora...

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E como Jazz é música e para sentir, TóZé Veloso e Maria Viana ofereceram (é mesmo o termo certo), entre outros temas, "At last" e "Someone to Watch Over me".

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Paulo Gil estava logo ali, ainda se sentou à bateria e escovou a tarola em tempo lento, mas a queda para o Scat singing falou mais alto, juntando-se a Maria Viana em "C Jam Blues", numa autêntica desgarrada. O resultado foi surpreendente, proporcionando momentos realmente únicos de swing. Talkin' seriously!

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Missão cumprida! Para o ano há mais? Don't think so... Twice is enough!

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Ok... Talvez um roteiro na Cascais dos anos 20/70. A ideia é da Maria Viana, para que se saiba.

1 Comments:

At segunda jun. 11, 08:08:00 da tarde 2007, Blogger Mário César Borges Marques de Abreu, natural de Lisboa said...

Este Roteiro do Jazz de 2 de Junho passado, em boa hora organizado pelo João Moreira dos Santos foi um exemplo do que se pode fazer de positivo neste país em prol de tudo aquilo que verdadeiramente se ama, se admira e também se deseja que não se esqueça. O calor era tórrido naquele dia, mas todos suportámos estoicamente (uns melhor do que outros...) o brilho e os raios do Sol que haviam de encaminhar-nos finalmente até ao mítico HOT CLUB onde tivemos o privilégio de comungar as alegrias do Jazz com a Maria Viana, o Paulo Gil e o médico-pianista (e que sensibilidade a de todos eles!) António José Barros Veloso. Se Luís Villas-Boas por ali pairava, não pode ter deixado de sorrir de contentamento. Não esquecerá, este dia.

 

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