Será que o jazz importa?
Esta questão foi colocada por Dana Gioia na cerimónia deste ano da atribuição dos prémios do National Endowment for the Arts.
Gioia, mais conhecido pela sua faceta de poeta, proferiu um discurso sobre o empobrecimento cultural dos povos e a visibilidade da cultura e do jazz nos media, o qual nos parece actual e muito interessante e que bem podia ser endereçado à nossa comunicação social:
«Let me start by asking about something you said: "I want to expand the country's awareness of jazz, to use it to combat the cultural impoverishment that threatens us." How does the awareness of jazz combat cultural impoverishment?
You're asking a very big question so I'll give you a very big answer. I worry that we live in a culture where the number of things that we pay attention to gets smaller and smaller each year. We're surrounded by this nonstop intricate web of commercial, electronic entertainment, and it really focuses on about seven or eight things: politics, entertainment, weather, traffic, celebrities, sports and money. In the average week, local traffic gets more airtime than all the arts, education and ideas combined. I think one of the most important things that we can do is carve out some space in our society where other conversations can take place, other types of art can be presented.
I worry about the generation of Americans that are growing up now. My son Ted is 15, and I've tried really hard to make sure that he's exposed to a lot of things, but I see a lot kids-really smart kids, well-educated kids-and they know nothing about so much of life. They can probably name 200 baseball or basketball players, a hundred hip-hop artists and 200 television personalities, but they probably could not name a single living jazz artist, poet, painter, sculptor».
Subscrevo integralmente este discurso. Em Portugal, por exemplo, há uma excessiva (quase doentia) visibilidade do Futebol e do desporto em geral. A cultura, essa, raramente surge nos telejornais, a não ser quando morre algum artista de vulto ou quando alguém se despe em público e diz que está a fazer arte.
E, já, agora, quem é a Maria João Pires? E o Pedro Burmester?
Vai uma aposta que uma esmagadora maioria da população não faz a mínima ideia... Já nem falo em músicos de jazz.
[Este artigo pode ser encontrado na edição da revista «Jazz Times», de Novembro de 2004]
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